Tenho um amigo de muitos anos, mais ou menos uns vinte. Acompanho de longe a sua trajetória profissional, e embora
nunca tenha expressado isso a ele, sempre tenho comigo que ele deve ser
muito competente e dedicado naquilo que faz.
Dias atrás,
fiquei pensando o quanto me chama a atenção o seu jeito viver. É uma das
pessoas que conheço, que na sua trajetória de vida não apenas trata os
outros como “gente”, mas também faz questão de se posicionar na vida de
modo a ser tratado como tal. Isso parece ser tão importante, que é como
se ele “transpirasse” isso involuntariamente no jeito de se colocar
diante das outras pessoas, e da vida.
Nós não convivemos
próximos, e faz atualmente muitos anos que nem nos falamos. Contudo, no
remoto contato que temos (afinal hoje em dia com a tecnologia e as redes
sociais as pessoas só perdem mesmo o contato umas com as outras se não
forem suficientemente interessadas em preservar os relacionamentos),
continua me impressionando o quanto aprendo com esse seu jeito de ser. Somos co-responsáveis no que tange à forma como os outros nos tratam
nesta vida. Afinal, o modo como nos posicionamos comunica a elas, e
reitera a nós próprios, o modo como desejamos ser tratados. Ao
comunicar, recebemos um feedback, e assim sucessivamente o círculo
interacional se estabelece.
Se queremos melhorar uma
relação, não podemos mudar o outro, mas podemos começar mudando a nossa
forma de nos relacionarmos com os outros, conosco mesmos, e com a vida.
Quem se coloca na vida como lixeira, pode receber lixo de volta, quem se
coloca como mendigo, pode receber esmolas, mas quem se coloca como
gente, pode ser tratado como tal. Isso não é uma regra ou um processo
linear de estímulo-resposta, pois o processo interacional é muito mais
complexo. Porém, este é um bom começo, afinal, no fundo , no fundo, cada
um de nós comunica ao mundo como deseja ser tratado