Dias atrás fui surpreendida numa conversa com alguém que se referiu ao seu relacionamento conjugal em processo de separação, como uma luta de boxe. Fiquei pensando: eu, detestaria passar tanto tempo lutando boxe com a pessoa que um dia escolhi para amar.
Penso no casal como um par de dançarinos (mais ou menos do mesmo tamanho, uma estrutura física semelhante). Penso na relação amorosa como uma dança. É verdade porém, que existem muitos diferentes tipos de danças, e há danças que são extremamente diferentes. Por exemplo, basta pensar no Tango e na Dança do Ventre. Só para destacar uma diferença entre essas danças, no Tango é necessário um par para dançar, já a Dança do Ventre é uma dança solitária.
Mas voltando à metáfora da luta de boxe, eu fiquei intrigada me indagando: Pode alguém no relacionamento amoroso gostar de passar boa parte do tempo e da vida lutando boxe? Como os lutadores demonstram o seu afeto? Existe afeto numa luta de boxe? Onde querem chegar os boxeadores? Quando terminará esta luta? Se as pessoas não vivem sem afeto, de onde ambos obterão afeto para alimentar a sua vida? Se estes boxeadores possuem filhos, o que os filhos aprendem com eles sobre o que é ser um casal e o que é ter um par amoroso ? O que aprendem sobre o que é dar afeto, o que é relacionar-se intimamente numa relação conjugal, e o que é ser família?

Modelos inadequados de relacionamento podem ser superados desde que haja desejo e comprometimento.
Após a minha reflexão, fiquei com vontade de perguntar, à pessoa que me ensinou mais esta metáfora sobre a relação amorosa: Você deseja mesmo continuar lutando boxe no amor ?
Flávia Diniz Roldão
Psicóloga, Pedagoga e Teóloga. Psicoterapeuta individual, de casais e familias. Trabalha com Arteterapia e desenvolvimento humano.
Contato: flaviaroldao@gmail.com