Aprendi muito com alunos e pessoas participantes de uma roda de conversa em uma supervisão de estágios em Psicologia Comunitária hoje, e escrevo este texto como um 'aprendizado" que deixo aos meus filhos.
O aluno que dirigiu a roda narrou a seguinte história, que lhe foi contada anos atrás por um amigo:
"Em uma propriedade rural, uma família muito bem sucedida em suas plantações e comercializações, foi de repente surpreendida por um furacão que passou e devastou a plantação sobre a qual eles se implicaram dias, desde a escolha das sementes, e depois o plantio, e na qual se detiveram gastando um bom tempo cuidando.
Empobrecidos, o pai diante do filho olha para ele e diz:"Meu filho, nem sempre vai ser assim! Sigamos..."
Tudo passou e quando veio o tempo certo, novamente eles começaram todo o trabalho de escolha das sementes, o preparo da terra, a semeadura e todo o cuidado da plantação.
Desta vez tudo ajudou, e eles tiveram uma enorme fartura na colheita.
Pai e filho estavam juntos conversando novamente, e celebrando aquela grande benção. O pai olha para o filho profundamente e lhe diz: "Meu filho, preciso lhe dizer uma coisa, é importante que você aprenda e saiba: - Nem sempre vai ser assim!"
Uma mulher já idosa, certa vez se expressou: "-Minha mãe sempre dizia: minha filha, todo mal tem um início, e também tem um fim".
Dá esperança lembrar destas duas histórias.
Faz refletir que na vida há coisas sobre as quais não temos controle, e nos afetam, há outras porém, sobre as quais temos algum controle e podemos/precisamos agir.
É bom saber, que histórias são palavras (metáforas) que podem iluminar a forma de viver.
E o primeiro mundo sobre o qual cada pessoa pode começar a operar para transformar, é o seu próprio.
Nós mesmos, somos um dos instrumentos disponíveis para a transformação que desejamos no nosso mundo.
Escreveu Eliane Brum: "Nossa vida é a nossa primeira ficção". Eu diria: nossa vida é a nossa primeira Obra CONCRETA.
"Nem sempre vai ser assim."
Mas ninguém sabe, como o futuro será.
O que é certo, é que como disse alguém um dia: "todo mal tem um início, e também tem um fim".
Mas se o que é mal passa. O que é bom também. Ninguém consegue prender o tempo. O que ficam são as memórias. E como disse Brum (2014) referindo-se às sua: "Esta é minha memória. Dela eu sou aquela que nasce, mas também sou a parteira."
Não somos fantoches ou múmias atadas. Somos seres humanos dotados de capacidade (ao menos algumas) de ação e intervenção sobre a vida, a nossa e as dos outros, desde as memórias que construímos, alimentamos e como as narramos, até as ações que fazemos ou deixamos de realizar.
Simone de Beauvoir foi citada por Frain (2013): "O mundo real é uma verdadeira bagunça. É minha vida, e a vivi como quis vivê-la..."
O tempo passa... não pede licença... mas cada pessoa pode escolher (ao menos em certa medida), como vai diante da vida se posicionar.
O futuro, está ligado ao presente
de muitas e diferentes formas.
"Nem sempre vai ser assim!"
REFERÊNCIAS:
BRUM, Eliane. Meus desacontecimentos. SP: Leya, 2014.
GUZZO, Raquel S. L. Escola amordaçada: compromisso do psicólogo com este contexto. In: MARTINEZ, A.M. Psicologia Escolar e Compromisso Social: novos discursos, novas práticas. Campinas, SP: Alínea, 2005.
Imagens coletadas na internet, disponíveis em:
http://questaodecoaching.com.br/tag/mudanca/
http://www.ideiademarketing.com.br/2012/11/01/medo-das-mudancas-os-desafios-do-endomarketing/
http://mdemulher.abril.com.br/casa/reportagem/reforma-construcao/saiba-como-fazer-mudanca-transtorno-613377.shtml
http://despertandodeuses.blogspot.com.br/2012/09/como-remover-o-medo-da-mudanca-pessoal.html
Flávia Diniz Roldão
Psicóloga
flaviaroldao@gmail.com